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Duas vezes por semana a sucuri-verde do Bioparque Pantanal sai de seu tanque no circuito de aquários para tomar banho de sol. A famosa Gaby, da espécie Eunectes marinus é acompanhada por profissionais durante a atividade que faz parte do trabalho de bem-estar aplicado nos animais do complexo de água doce.
A diretora-geral do empreendimento, Maria Fernanda Balestieri, explica que o local adota o conceito e as melhores práticas dos considerados bons zoológicos e aquários. “Antes de tudo, prezamos pela saúde e bem-estar dos animais. Aqui, o instinto e a vontade dos animais são respeitados”.
O banho de sol é uma das etapas do protocolo de manejo da serpente e para que ele seja feito da forma menos estressante possível para o animal, são aplicadas estratégias, sendo uma delas o condicionamento operante, conforme explica a bióloga-chefe do Bioparque Pantanal, Carla Kovalski.
“Dentro dessa estratégia nós fazemos com que a Gaby entre e saia sozinha da caixa de transporte que nós levamos até o recinto e depois até o deck, onde acontece seu banho de sol. Esse condicionamento vai ser importante tanto para reduzir o estresse dela, quanto para que ela associe essa atividade a algo positivo, facilitando o manejo e proporcionando mais bem-estar”, frisa.
Adrieli Marcacini é bióloga do complexo e também acompanha o banho de sol da sucuri, ela pontua que cada indivíduo tem um comportamento único e necessidades específicas. A profissional também detalha os benefícios da atividade. “Além dela ter esse contato diretamente com o sol, outra coisa muito importante é o contato com a natureza de um modo geral, num ambiente externo, um pouco mais aberto, onde ela tem diferentes estímulos, sonoros, visuais, olfativos. Com tudo isso ela consegue expressar um comportamento mais natural”.
O protocolo que está sendo desenvolvido servirá de embasamento para profissionais de empreendimentos da mesma natureza na prática de bem-estar animal.
Capacitações
Todos os profissionais envolvidos no trabalho de manejo da sucuri Gaby passaram por capacitações específicas para manejo de serpentes e estão aptos para a prática.
Com frequência a equipe recebe treinamentos e participam de palestras, sendo a mais recente, ministrada pelo biólogo e pesquisador Igor Moraes que já fez parte do comitê de bem-estar animal da associação de zoológicos e aquários do Brasil e atualmente é colaborador do Instituto Aqualie.
“Tanto no aspecto do bem-estar animal, quanto no cuidado com as espécies, o Bioparque Pantanal talvez seja o melhor aquário do Brasil. É um empreendimento de gestão pública que tem muito potencial na conservação, pesquisa e educação. Tem tudo para se tornar uma referencial mundial no cuidado e manejo de peixes de água doce do planeta”, declarou Igor.
Considerada uma das principais atrações do complexo de água doce, a sucuri Gaby tem aproximadamente 3 metros de comprimento e veio do Pará, após resgate. Hoje ela está adaptada ao novo ambiente sob cuidados humanos e condicionada, voltar para a natureza seria um risco, como assegura Carla Kovalski. “Poderia ser uma presa fácil e ter dificuldades para caçar, mas aqui nós sempre estimulamos os comportamentos natural dela, para que se sinta bem”.
Rosana Lemes
Fotos: Eduardo Coutinho